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Em Busca do Produto de Sucesso - Parte 8 - Case ATM Adattis (2)

Até aqui vimos de forma concreta a importância a de identificar os stakeholders, agir junto à eles para conseguir informações relevantes e, em seguida, organiza-las para, assim, entender o projeto de forma ampla e garantir que o desenvolvimento fosse iniciado de forma correta.

Neste post continuo falando dos stakeholders, mas outros. Aqueles que atuarão no projeto após a aprovação do design. Estou falando de engenheiros, projetistas, fornecedores, assistência técnica, área de compras etc.

Em busca do Produto de Sucesso - Parte 8 - Case ATM Adattis (2)

Se agir junto aos stakeholders que lhe nutrem de informações e/ou aprovam seu design é importante, atuar junto aqueles que darão sequência ao projeto é tão estratégico.

Mesmo após você ter conseguido aprovação do que criou, muita água vai rolar e é preciso estar preparado para qualquer imprevisto.

Da mesma forma que os stakeholders do início do projeto são de mundos diferentes do seu, os que deram sequência ao seu projeto também são. Eles também pensam diferente de você e outros objetivos.

Projetistas, por exemplo. Eles querem que o projeto seja o mais simples possível. Se o seu produto for uma caixa básica, sem qualquer raio, curva, solda etc, melhor. Eles não costumam acreditar que o que foi desenhado pelo designer tem um porquê e trará benefícios ao cliente e ao produto.

CULPA DOS DESIGNERS

Isso, talvez, muito por culpa dos próprios designers. Muitos profissionais no mercado estão interessados apenas em chegar em um resultado estético perfeito e não olham para o projeto como um todo. Para os projetistas? não olham mesmo. E, muitas vezes pensam: "o cara que se vire, ele tem que achar uma solução". É meio a a discussão que ocorre entre arquitetos e engenheiros.

Bom, como não penso que esta seja a melhor forma de lidar com o desenvolvimento de um produto. Minha postura é de que devemos incluir TODOS no processo.

Não é inteligente falar com os projetistas, fornecedores e demais stakeholders após o design aprovado. A melhor forma de agir, ao meu ver, é incluí-los durante o desenvolvimento.

INTEGRANDO OS STAKEHOLDERS DURANTE O DESENVOLVIMENTO

Na parte 1 deste case, falei sobre o porquê é importante a interação com os stakeholders do início do projeto, porém, com projetistas, fornecedores e demais atores envolvidos, a lógica é a mesma.

Se você deixa-los no mundo deles, pensando e agindo da forma que sempre fazem, não terá ajuda deles para quase nada.

Primeiro de tudo. Se você entrar em contato com eles durante o desenvolvimento, terá 2 grandes benefícios:

1o Benefício:

Você descobrirá as limitações de cada profissional e do projeto como um todo (no caso de projetistas). Saberá quais são as capacidades e limitações fabris (no caso do fornecedor). Você saberá como os ítens serão comprados, se são em lotes grandes, sob demanda etc (no caso da área de compras).

Conhecer mais os projetistas lhe trás a vantagem de entender quem é esta pessoa e onde dói o calo dele. E, por mais que estejamos desenhando um produto, não podemos esquecer que o principal de todo processo são as pessoas. Elas que criam o produto, elas que fazem ele dar certo ou errado.

Falar com o(s) fornecedor(es) é bastante importante, pois entenderá o que é possível fazer na fábrica deles e o que, se você criar, será impossível. Você entende também qual é o processo que ele mais "gosta" de usar na fábrica dele. Isso é bacana, porque, se você conseguir seguir isso no seu projeto, terá mais um "aliado" ao seu lado.

Falar com demais áreas da empresa, tais como compras ou assistência técnica, saberá como eles funcionam e, aí, você pode se preparar para incluir detalhes no seu projeto que considere suas características.

2o Benefício:

Este na verdade é uma consequência do 1o.

Quando você se aproxima do projetista, lhe da abertura e expõe um pouco do projeto à ele mesmo antes de estar finalizado, faz com que ele se sinta considerado. Que ele não seja apenas o cara que "recebe a bucha do designer". Ele começa a entender o porquê daquele desenho, e mais, se sentirá cocriador daquele design que será aprovado! Isso é muito importante. Você não faz mais pelas suas coisas do que faz pelas coisas dos outros? a lógica aqui é a mesma.

Isso quer dizer que, se houver alguma coisa no projeto que deva ser revisto ou repensado, neste momento o projetista estará mais disposto a resolver ou falar com você de forma a solucionar a questão.

Ao conversar com o fornecedor e incluir suas considerações durante o desenvolvimento, o sentimento de pertencimento gerado no projetista, aparecerá nele também. E os benefícios são equivalente. Caso tenha qualquer questão do projeto que deva ser resolvido ou qualquer parte do projeto que seja possível ser feita, mas para ter qualidade precisa de um cuidado na produção, ele o fará.

Por exemplo: Você cria uma peça metálica com um raio x. O fornecedor diz para você que não tem a ferramenta adequada para executar o protótipo. Que fará a ferramenta só na produção. Porém, se você não tiver um protótipo bom, ele pode não ser aprovado e o projeto alterado.

Se o fornecedor está comprometido com seu projeto, ele irá dizer para você: ok, vamos dar um jeito, pode deixar!

Se ele não se importa, vai dizer: Vou ver o que consigo, mas não garanto nada.

Com a assistência técnica, por exemplo, saber o que dói para ela e importante, pois se o produto tiver problema em campo ou sua manutenção for complicada por uma decisão do designer, você ouvirá muito barulho quando o protótipo ou lote piloto vier. E isso também pode custar alterações no projeto e, principalmente, no design. Fique atento. Dependendo do projeto, essas áreas que parecem que não tem importância, tem muita força! E, sim, podem fazer tudo mudar.

 

UM ERRO QUE COMETI NESTE PROJETO:

Por mais que este modo de atuar seja meu meio que desde sempre, na época deste projeto eu ainda não tinha consciência da plenitude dele e cometi um erro que me custou uma mudança de design a qual eu não concordei, mas tive que viver com ela.

Em meu desenho, o painel superior tinha um raio e o inferior outro, porém, eles eram tangentes. Isso quer dizer que, se você visse o produto de lado, ele parecia ter quase que um raio único. Isso deixava o design mais limpo e elegante.

O design foi aprovado desta forma. Bacana! Então passei os arquivos para o projetista responsável por desenhar os painéis.

Na primeira semana acompanhei o projeto e dei bastante atenção aos outros projetistas, aqueles que estavam responsáveis pelo painel superior e os painéis pequenos modulares, pois acreditava que só essa parte necessitava atenção.

Imaginei que o painel inferior não seria algo a dar problema.

Nova Fechadura:

Acontece que 1 mês após o início do projeto mecânico, a fechadura da porta do cofre (a qual o painel inferior esconde) sofreu alteração. Ela foi trocada por uma alguns milímetros mais alta. Assim, essa nova fechadura não cabia mais no painel desenhado.

Opções do Projetista:

Existiam duas opções:

A primeira era mudar o desenho do paniel inferior alterando seu raio para criar uma "barriga" que comportaria a nova fechadura.

A segunda opção era avisar o designer (eu) e pensar em algo diferente.

O projetista fez o que era mais fácil para ele. Mudou o raio do painel inferior e acabou com a tangência entre paineis. Com isso o ATM ficou levemente "grávido".

3 Meses após o início do projeto mecânico fui até o projetista olhar em que pé estava o produto e percebi a "gravidez" do ATM. Questionei ele e disse: "o que houve com o painel? não pode ser assim, deveria ter uma tangência aqui."

Ele me respondeu: Eu sei, mas tive que alterar isso, pois mudaram a fechadura

E agora?

Sugeri então que ele, ao invés de criar a barriga, tivesse "puxado" os 3 painéis (superior, intermediário e inferior) para frente de maneira que conseguisse espaço para a nova fechadura e não acabasse com a tangência.

A resposta dele foi simples: O prazo para o projeto está muito curto, eu já desenhei todos os painéis e estou finalizando esta parte. Não tem como voltar mais a não ser que você consiga, junto à gerência, um novo prazo para entrega.

Ah, o que obviamente era impossível. Nunca que eu conseguiria este prazo estra. Não era prioridade ajustar a tangência.

Lição Aprendida

Percebi que preciso estar atendo ao meu projeto e a todos os atores envolvidos nele. Não existe stakeholder importante e outro que não é. todos são. Não é necessário interagir a todo momento com eles, mas preciso saber quando. É fundamental!

Para minha sorte, essa falta de tangência não é algo que gritou no produto, ainda mais porquê, nas agências, o painel inferior costuma ficar parcialmente coberto pelo acabamento da arquitetura.

Ufa!

Agora, nunca vou esquecer disso. Não quero e não posso, pois erros deste tipo me fazem aprender e evoluir como profissional.

Já cometi outros erros e aprendi com eles, mas, erros iguais a estes, não mais.

 

Nestes 2 posts sobre o Case de Metodologia para o ATM Adattis, vimos a importância de interação com os stakeholders.

No próximo post farei um fechamento do projeto mostrando os resultados alcançados com o produto.

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