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Em Busca do Produto de Sucesso - Parte 4 - O Projeto

  • Fabio Sant'Ana
  • 8 de mar. de 2018
  • 4 min de leitura

Quando vamos desenvolver um produto, o designer não pode olhar apenas para a estética. Na verdade, a estética, na maior parte das vezes, é o resultado de muitos estudos e análises e considerações que não tem relação alguma com a estética. Isso porque o produto começa de dentro para fora.

O designer que desenha um produto pensando apenas na estética ou não da o valor devido a todos os outros aspectos do projeto, está fadado a um produto falho. É como um time de futebol, se houver um problema em relação a defesa, não importa quão bom seja o goleiro e quantos gols façam os atacantes, isso será sempre um ponto fraco do time e que pode levar o grupo todo ao fracasso.

Sem mais analogias. Vamos direto para um exemplo prático.

Em busca do Produto de Sucesso - Parte 4 - O Projeto

EXEMPLO PRÁTICO

Na verdade não participei deste projeto, mas que vou usa-lo como exemplo, pois acompanhei de perto o que ocorreu. Para preservar as empresas envolvidas, não citarei seus nomes.

A Empresa A (como irei denomina-la) que atua na área de automação comercial, tinha em seu portfólio uma impressora fiscal da Epson a qual era vendida sob a marca da Empresa A.

Em um certo momento a Empresa A viu uma oportunidade de mercado para ter sua própria impressora fiscal. Sendo assim, ela contratou uma empresa especializada em desenvolvimento de produtos.

Foi passada à empresa contratada um briefing sobre o produto a ser criado e foi dada liberdade de criação em relação a design e alguns componentes eletrônicos e mecânicos, tais como placas e botões de controle.

Proposta de Design

Foi apresentada uma proposta de design para o produto a qual foi aprovada pelo cliente. Esta proposta possuía um desenho bastante diferente da maior parte das impressoras fiscais do mercado. Ela realmente se destacava na inovação estética.

Enquanto as impressoras existentes no mercado tinham um footprint (área que o produto ocupa na base de apoio) grande, essa tinha sido desenhada "na vertical". De forma que sua base era pequena e sua altura maior. Acho isso um ponto bem legal do projeto.

O designer também propôs uma impressora em duas cores. Este é o tipo de produto que não costuma ser pintado, pois sua tinta duraria "pouco", uma vez que é manuseado constantemente pelo operador. Sendo assim, as peças plásticas precisavam ser injetadas nas suas cores finais.

Moldes plásticos

Então, para garantir que a impressora tivesse duas cores, os projetistas foram obrigados a dividir o produto em um número maior de peças. Como base de comparação, a impressora da Epson possui de 4 a 5 moldes plásticos (depende do modelo). A impressora desenvolvida para a Empresa A, tinha, 7 ou 9 (me desculpe, não lembro o número exato). Bom, mas OK, vamos continuar com o 7 moldes, até porquê esse número já garante continuar o raciocínio.

Imagine que cada molde custa alguns mil reais. Pode ir de R$ 10.000,00 (dez mil reais) até, vixi, muito. Bom, ok. Um valor médio. Imagina que cada molde custava R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Em uma conta simples e burra, enquanto a impressora Epson partia de 120 à 150 mil reais em molde, a nova impressora da Empresa A partia de R$ 210.000,00.

Maior número de moldes também quem dizer maior número de peças a serem injetadas. Então, em plástico, a nova impressora também era potencialmente mais cara.

Custo

Outra questão importante quando se pensa em número de peças. Quanto mais partes um produto tem, maior o número de operações de montagem. Em resumo, maior tempo para montagem é igual a processo de montagem caro.

Automação comercial está em um mercado que não é de luxo, os produtos criados para ele, tais como impressoras fiscais, são muito sensíveis a preço. Existem muitos players importantes e com produtos bons (eficientes em hardware e software e de preço ok).

Então, quando a empresa contratada criou a proposta citada, ela deixou de lado uma característica muito importante do mercado do seu cliente (a Empresa A), o custo.

Sem perceber isso, a Empresa A continuou investindo tempo e recursos nele no produto; mandou fazer o projeto mecânico de peças metálicas e plásticas do produto, projeto eletrônico de placas, mecanismo de impressão e firmware.

Foram vendidas aproximadamente 200 unidades do produto em um único pedido e não ouvi falar de qualquer nova venda. Alguns meses depois o produto foi descontinuado e a Empresa A voltou a vender apenas as impressoras da Epson.

Resultado

Ao final, com custo alto de montagem, de peças e de investimento e moldes, tornou o produto menos competitivo. Houve sim outros problemas de projeto que não estão relacionados ao design e que ajudaram a afundar o produto definitivamente, porém, a ação do designer contribuiu muito para o produto não ser vencedor.

Foram, sim, vendidas algumas unidades; aproximadamente 200. Um número muito pequeno para um produto desses. Também não ouvi falar que qualquer nova venda tenha sido feita e, alguns meses depois, o produto foi descontinuado e a empresa voltou a vender apenas as impressoras da Epson.

AÇÃO DO DESIGN E O IMPACTO NO PROJETO

No exemplo acima, algumas decisões do designer impactaram negativamente no projeto. O produto ficou mais caro do que deveria, o investimento foi maior do que o previsto no orçamento para o projeto e sua montagem na fábrica ficou mais lenta.

Então, podemos dizer que alguns dos aspectos do projeto não foram considerados como deveriam:

- Objetivo

- Custo

- Montagem

RESULTADO DO IMPACTO

Como resultado no desenvolvimento, muitos saíram perdendo:

Empresa A

Se descapitalizou e não teve retorno financeiro. Também continuou dependente de empresa terceira para vender impressoras.

Equipe Envolvida

Ficou desmotivada e perdeu força política dentro da empresa para conseguir que novos desenvolvimentos internos fossem aprovados.

Empresa Contratada

Perdeu o cliente para novos desenvolvimentos, além de ter contribuído para o fracasso do projeto.

Fornecedores

Perderam faturamento em peças, componentes eletrônicos, software, embalagem, manutenção etc que seriam vendidos para a Empresa A quando ela produzisse a impressora.

Mercado

Perdeu força em concorrência, pois deixou de surgir um novo player importante no mercado.

Designers

Para os profissionais da área, casos como esse são muito ruins, pois colocam em cheque a contratação do serviço dos designers. Muitas empresas não acreditam que precisam de designers em seus desenvolvimentos, pois não veem necessidade e os benefícios que o trabalho bem executado pode trazer. ..... jetos não costuma ser prioridade nas empresas, não se vê necessidade ou benefícios. Exemplo como estes só colaboram que esta postura dos empresários se mantenha igual.

Agora que falei sobre os aspectos que envolvem o projeto, vou falar sobre o os que envolvem os atores (skateholders).

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Especialista em Design e Desenvolvimento de Produtos de Tecnologia, Automação e Móveis.sant'ana escritório prêmio premiação tok&stok oppa fastshop designer fabio santana escritorio design são paulo estudio produto escritório prêmio premiação tok&stok oppa fastshop designer fabio santana escritorio design são paulo estudio produto sant'ana

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